Trazendo o ocorrido no Oscar para os aprofundamentos dos meus estudos dos últimos meses, arrisco-me a dizer que Google e Facebook provavelnente já sabiam qual a probabilidade de Chris Rock levar um tabefe do Will Smith, muito antes de alguém imaginar a situação.
PRODUTIVIDADE trazendo RESULTADOS tangíveis "Não confunda movimento com progresso"
Idéias relativas a temas de gestão, tendo como foco principal produtividade, eficiência, otimização, qualidade, lucratividade, precificação, gestão de operações.
-Peter Drucker
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sábado, 2 de abril de 2022
O Oscar e as plataformas em que estamos submersos - e a forma que isso pode beneficiar você.
quarta-feira, 2 de março de 2022
Sobre Copywriting, técnicas de persuasão e gatilhos mentais
Tenho estudado sobre Negócios Digitais e Marketing Digital desde 2015. Funcionamento das máquinas integradas de landing pages e funis de e-mail. tráfego orgânico, como gerar autoridade, a teoria da Cauda Longa e as informações ocultas nas massas de dados dos buscadores, técnicas de persuasão e copywriting. De 6 meses para cá mergulhei um pouco mais fundo nesses temas e aprendi bastante também sobre automação em geral, uso de APIs e gestão de tráfego pago (este último tema que tenho me maravilhado ultimamente, sob a luz da Cauda Longa).
Algumas semanas atrás, me deparei com este vídeo. Se você gosta do tema de técnicas de persuasão e copywriting, assista ao vídeo ANTES de continuar lendo e analise o roteiro da copy utilizada no vídeo. A gravação foi parcial mas dá para pegar a idéia do que me chamou a atenção.
Como eu disse, achei sensacional, muito bem montada e muito bem representada. Eu pude perceber dois erros apenas, um que provavelmente ficou evidente somente a mim, por ser uma questão particular, e outro que passa quase batido, acredito, para a maior parte das pessoas.
O primeiro, quando ele diz que eu já estava no caminho pois estava inscrito na Grande Mudança (que parece ser um programa dele tipo evento gratuito sobre alguma coisa). Mas o pessoal do marketing digital dele errou feio na configuração do público de remarketing, porque eu não me inscrevi em nada, tanto que nem conhecia o sujeito. Desculpa se você não sabe direito o que é remarketing, mas tentando trocar em miúdos, em tese esse vídeo pelo conteúdo deveria ser exibido a pessoas que estavam inscritas no programa gratuito dele mas que não se inscreveram no programa pago. Isso pode ser gerenciado por um pixel ou tag que controla os públicos que acessam determinadas páginas e pode-se então direcionar certas campanhas somente a estas pessoas, ou também excluir essas pessoas, se você quiser se apresentar a um público novo.
A segunda deslizada eu gostaria que você que assistiu o vídeo para ver se descobria comenta aqui embaixo. Repara que ele fala que tem 340 mil pessoas inscritas e 70 mil pessoas na lista de espera. Quando ouvi isso, pensei, nossa, quanta gente. Supondo que seja verdade, ele está movimentando um público gigantesco. Daí então pensei que provavelmente se eu tivesse um curso com 340 mil pessoas inscritas, 70 mil na lista de espera e que não teria vaga nem para 1% do público que deseja se inscrever, eu já nem investiria mais nada em marketing para essa turma.
Aí caiu a ficha... Olha o jogo da persuasão, acionando o gatilho da escassez descaradamente. Óbvio que se ele tivesse tanta demanda acima da capacidade dele de conseguir atender, não estaria gastando em marketing para atrair mais pessoas ainda. A escassez já estaria exageradamente funcionando para no mínimo 70 mil pessoas, o que não é pouco.
Claro que ele poderia estar querendo fazer mais zum-zum-zum em torno dessa escassez para turmas futuras, mas eu francamente acho pouco provável isso.
E você, que gosta do assunto, de copywriting, gatilhos mentais, etc., o que acha disso? Conseguiu perceber isso que eu falei ao ouvir ele falando, ou só depois que leu aqui?
Comenta aí...
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
Estratégia, Processos & Tecnologia: a revolução que já está em curso
A Tecnologia tem recebido muito foco ultimamente, com o surgimento e ascensão da Transformação Digital. Na realidade, a Transformação Digital já estava em foco para diversas empresas há muito tempo, mas mais recentemente ganhou superpoderes com a alta capacidade de integração entre sistemas usando APIs e RPA. Isso é interessante, porque permite que você possa buscar melhores soluções independentes, integrando-as e sem ter que esperar o seu fornecedor de software principal conseguir ter capacidade (o que muitas vezes significa ter mais mãos para fazer as atividades) para lhe entregar avanços significativos em termos de funcionalidades e modernização dos processos.
Eu sempre fui um fã incondicional de processos, e também um aficcionado em tecnologia, e enxergo com clareza como essas duas coisas - processos & tecnologia - podem ter um relacionamento íntimo a ponto de alavancar o desempenho das empresas, gerando diferenciais competitivos extremamente difíceis de serem copiados no curto prazo pela concorrência.
Hoje me deparei com um artigo [1] do qual retirei este trecho, sobre uma grande tendência no mundo dos negócios - o artigo fala mais direcionado a e-commerce, mas entendo que isso se aplica a qualquer tipo e modelo de negócios:
"Apesar de muito se falar sobre isso há anos, o tema pouco evoluiu no Brasil. Permitir que o próprio cliente consiga resolver o seu problema, ou pelo menos consultar informações importantes, é extremamente urgente. Para isso, todas as áreas envolvidas na experiência do consumidor devem ter ciência da sua importância, pois os processos precisam ser melhores e as integrações são importantíssimas. “Um chatbot sem integrações, por exemplo, não passa de uma FAQ disfarçada”. Para tanto, ele ressalta que tudo deve ser feito na dosagem certa e sem impedir que o cliente consiga falar com um atendimento humano."
Como eu disse no início, já há tempos grandes empresas buscam pela Transformação Digital, muito antes de esse termo existir. Haja visto o movimento que vemos há décadas no setor bancário, com as automatizações de atendimentos via caixas eletrônicos, internet banking e apps. Tudo isso já era Transformação Digital, embora o termo ainda não existisse há 30 anos. Embora a tendência não seja nova mesmo, repito, está sendo turbinada nos últimos anos com a possibilidade de integrações via API.
Se você não entende o potencial disso, digamos que você tem um sistema e identifica que ele não realiza certas atividades que parecem ter aderência com o seu negócio e inclusive podem melhorar significativamente a produtividade e os resultados da empresa, além de melhorar muito a experiência do cliente. Como o seu ERP não tem essas capacidades, há 10, 20 anos atrás a solução mais óbvia seria... substituir o ERP!
Ora, eu já substituí alguns ERPs e sei o quanto isso costuma ser trabalhoso, muitas vezes problemático, sem falar nos custos envolvidos com licenças e atualizações que são necessárias em hardware e software relacionados, além da necessidade de treinamento de todos os funcionários, estudos para viabilidade de migração de dados, contratação de horas de desenvolvimento para criação de relatórios customizados, entre outras coisas mais. Essa conta vai muito além do simples valor das licenças do software que está sendo adquirido. Lembro de ter visto alguns anos atrás ainda uma matéria da Exame alertando que a implantação de um novo ERP pode ainda trazer um aumento dos custos fixos em algo que muito pouco se imagina, além dos custos de manutenção e suporte do software: os custos com pessoal.
Isso mesmo: observou-se que ao adotar ERPs mais robustos e complexos, muitas vezes os funcionários não se adaptavam e a solução acabava sendo contratar alguém que tivesse experiência naquele software especificamente, para evitar ficar perdendo muito tempo em treinamentos de novas pessoas que depois poderiam também não se adaptar. Esse tipo de exigência costuma impactar em um custo maior. Não que eu ache que não vale a pena isso, mas muitas vezes se busca um novo sistema, entre outras coisas, para redução de custos, e no final das contas o custo total acaba aumentando significativamente e não se sabe exatamente porque.
Na contramão disso, estudo da McKinsey aponta que na visão dos CEOs, já há uma percepção de mudança da principal função dos sistemas de informação [2]: em 2017, 48% dos CEOs que participaram da pesquisa afirmavam que a função da TI era redução de custos. Em outra edição da pesquisa, em 2020, a percepção dos executivos mudou: 38% passaram a considerar como principal função da TI o desenvolvimento de vantagens competitivas (!); 30% consideram modernizar capacidades tecnológicas das empresas para acompanhar a concorrência; 19% consideram reorganizar o negócio em torno do digital; enquanto a redução dos custos da empresa passou de 48% para 10% na percepção dos entrevistados.
Veja bem: isso é o que eu venho defendendo há anos! Processos são excelentes maneiras de gerar diferenciais competitivos, aumentar produtividade e receita, reduzir custos e por consequência, aumentar a lucratividade. Ora, se a tecnologia é essencial para dar suporte a processos mais produtivos e eficientes, é óbvio que ela também tem um potencial enorme para fazer essa transformação toda que os processos precisam. A redução de custos é algo a se buscar com tecnologia, mas não porque devemos utilizá-la para substituir o trabalho humano, mas sim porque com ela é possível escalar a atividade.
Isso que as pessoas demoraram demais a perceber. O principal ganho com o uso de tecnologia deve ser a busca por diferenciação. Você tem que buscar a melhor experiência para o seu cliente e o melhor processo internamente em sua empresa. Essa é a busca de verdade.
Inclusive, antes de encerrar, vou aproveitar e vender o meu peixe do No Code/Low Code... Veja que não faz mais sentido gastar rios de dinheiro com um único sistema, robusto, caro, difícil de usar, que daqui a pouco vai ter coisas que ficaram obsoletas e que você fica preso a ele porque ele é caro e a empresa investiu muito nele. É melhor você ter um sistema que cumpra as funções básicas e "plugar" nele outras aplicações SaaS, integrando-as por meio de APIs ou então desenvolver internamente pequenas soluções que você vai fazer conforme sua própria necessidade e plugar ele no sistema principal! E então, você e/ou sua empresa querem surfar nessa onda e sair na frente da concorrência? Esse é o caminho!
E sobre o diferencial, imagine você customizando sua solução de software, plugando soluções específicas... Seu concorrente, se quiser te copiar, terá que descobrir todas as soluções que você está utilizando. Isso te dará a possibilidade de se blindar mais e prevenir a cópia por parte dos concorrentes, ao mesmo tempo em que está fornecendo ao seu cliente uma experiência que ele só terá na sua empresa.
Lembrando que o desenvolvimento de soluções No Code/Low Code tem uma curva de aprendizagem muito mais rápida do que as linguagens de programação tradicionais e são plenamente integráveis e escaláveis. Em 10 anos aquele rapaz ou menina que adora fazer análises em Tabelas Dinâmicas do Excel certamente estarão construindo eles mesmos soluções que dêem conta das necessidades dos seus processos e das inovações que você quer implementar.
Bom, eu vou seguir tratando desse tema, cada vez mais. Se você quiser me acompanhar, coloca o blog nos favoritos ou me segue lá no LinkedIn [3]. Estamos em plena Revolução Digital. Não fique para trás.
[3] https://www.linkedin.com/in/fabiano-ahlert/
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
Opiniões sem dados são apenas opiniões - uma lição de como menos pode significar mais
Outro dia li em um perfil de empresa no LinkedIn que decisões que não são baseadas em dados não passam de uma opinião. Lembrei imediatamente de uma análise que conduzi em 2010. Na época baixei uma base de dados de vendas da empresa e comecei a conduzir análises segmentando os clientes e avaliando o ticket médio.
Era um pequeno negócio que atendia públicos específicos. Por questões de confidencialidade irei ocultar algumas informações aqui, mas tentarei contar um pouco sobre a análise feita. Basicamente fazendo uso de tabelas dinâmicas no Excel, comecei a fazer filtros segmentados. Na época usei o critério de separar clientes que compravam pouco dos demais e fiz uma linha de corte de R$ 1.200 por ano, separando clientes que compravam abaixo disso (o que correspondia a uma média de R$ 100,00 por mês). Logicamente este valor não é nenhuma enormidade hoje e embora R$ 100,00 valessem mais 12 anos atrás do que valem hoje, foi um bom parâmetro para a análise que se seguiu.
Não irei revelar informações sobre a empresa e irei mascarar aqui os segmentos de forma a não ser possível identificar. Também não darei detalhes operacionais da condução das análises no Excel, mas trarei a essência para compartilhar a lógica por trás das decisões tomadas.
O fato é que eu tinha uma impressão bastante forte de que um segmento da empresa, embora representasse parte significativa do faturamento, não era um segmento rentável, e pior ainda, estava "roubando" a margem dos demais segmentos.
Bem, vamos aos números, depois eu caracterizo um pouco os diferentes segmentos e aprofundo algumas análises.
Segmento | Vendas R$ mil | % faturamento | Número clientes | Núm. clientes >R$ 1,2K/ano | Média de vendas por cliente (todos) |
---|---|---|---|---|---|
Varejo | 625,7 | 37% | 418 | 146 | R$ 1,5 K |
Profissional | 523,8 | 31% | 115 | 57 | R$ 4,5 K |
Entidades públicas | 277,0 | 16% | 36 | 30 | R$ 7,7 K |
Outros | 265,5 | 16% | 99 | 31 | R$ 6,0 K |
R$ 1.701 K | 100% | 668 | 263 | R$ 2,5 K |
Essa tabela resume um pouco a situação que eu encontrei, e em parte ela confirmava minhas suspeitas, mas obviamente, análises mais profundas deveriam ser feitas. Basicamente o segmento que eu acreditava que estava prejudicando os resultados da empresa era o varejo. Ainda que responsável por vendas correspondentes a quase 40% do faturamento, acreditava que não era bom para a empresa continuar investindo no segmento, dadas as características do mercado.
Veja que dos 418 clientes responsáveis por essa venda, apenas 146 (quase 35%) compravam acima da linha de corte. A venda média por cliente no segmento era de R$ 1,5 mil. Compare com a venda média nos demais segmentos. Claro que isso sozinho não quer dizer nada. Mas é algo importante a observar.
No segmento profissional, responsável por 31% do faturamento, 57 clientes dos 115 (quase 50%) compravam acima da linha de corte, e a média de venda por cliente era 3 vezes maior.
Nas entidades públicas, um segmento com características bem específicas e bastante limitado em termos de ações práticas, podemos ver os números, assim como no segmento "outros", que juntava 2 outros segmentos atendidos pela empresa, um deles com vendas de volume significativo mas margens muito ruins e outro com vendas quase irrisórias com margens interessantes. Nenhum desses dois era foco estratégico da empresa, pelo contexto todo de mercado.
Ao retirar o segmento de varejo desta análise, temos os números abaixo:
Segmento | Vendas R$ mil | % faturamento | Número clientes | Núm. clientes >R$ 1,2K/ano | Média de vendas por cliente (todos) |
---|---|---|---|---|---|
Profissional | 523,8 | 31% | 115 | 57 | R$ 4,5 K |
Entidades públicas | 277,0 | 16% | 36 | 30 | R$ 7,7 K |
Outros | 265,5 | 16% | 99 | 31 | R$ 6,0 K |
R$ 1.038 K | 100% | 188 | 111 | R$ 5,5 K |
Veja que obviamente a empresa perdeu 37% do faturamento, mas em compensação, agora tinha 188 clientes para gerenciar, ao invés de 668. E os clientes que estavam acima da linha de corte passaram para 111 de um total destes 188 (quase 60%), contra 263 na situação anterior de um total de 668 (quase 40%). A média de compra por cliente foi de R$ 2,5 mil para R$ 5,5 mil. Interessante. Ainda não permite tomar uma boa decisão com segurança, mas já é suficiente para acender uma luzinha amarela.
Agora vamos às características de cada segmento:
- Varejo: clientes que geralmente querem comprar pedidos pequenos, pagando preços muito baixos e com prazos longos para pagamento. Precisam de visita presencial praticamente todos os meses e as entregas eram despachadas da nossa empresa por veículo próprio ou transportadora (ou seja, precisávamos manter uma equipe de vendas e outra de logística). Era um segmento com muita concorrência de grandes atacadistas, pressionando preços e margens para baixo.
- Profissional: boa parte dos clientes fidelizável pelos diferenciais que a empresa possuía, muitos prestavam serviços em diferentes locais e costumavam buscar os produtos na empresa, diminuindo os custos logísticos para atendimento deste segmento. Não necessitavam visitas frequentes dos vendedores e o segmento tinha muito pouca concorrência.
- Entidades públicas: pedidos maiores, mas muito esporádicos, pelo processo de compras ser bastante burocrático, faziam cerca de uma compra por ano e demandavam um trabalho de muitos meses até sair uma possibilidade de negócio, que nem sempre se concretizava em função dos certames e pregões que eram feitos para fechar negócio.
- Uma redução de 72% no número de clientes a serem atendidos
- Uma redução de quase 40% no faturamento
- Um aumento de 120% na média de venda por cliente
- Aumenta a proporção dos clientes com compras acima da linha de corte (ticket médio)
- Redução da equipe de vendas (números foram estimados, mas deixarei de fora para não estender demais a descrição do caso, mas os custos fixos cairiam para mais da metade do que eram antes)
- Terceirização completa da logística, reduzindo custos
- Aumento das margens dos produtos vendidos, já que num Ranking feito de margem por produto, dos primeiros 60 produtos, apenas 3 eram produtos destinados ao varejo
- O número de SKUs a gerenciar em estoque passaria de cerca de 250 para cerca de 85 e o estoque médio cairia de R$ 300 mil para R$ 165 mil
- Os títulos de cobrança de clientes em atraso maior que 1 ano naquela data somavam quase R$ 30 mil, sendo R$ 20,3 mil referentes ao varejo
- Menos definitivamente pode ser mais;
- O que importa não é quanto você fatura, mas quanto sobra. E isso pode ser muito diferente segmentando por perfil de cliente ou região geográfica, ou outras características. E dentro dos segmentos também pode ser diferente de cliente para cliente, então a decisão sobre mudanças deve ser estrategicamente planejada para que as perdas no processo de mudança sejam as menores possíveis;
- Dados, ah... Como eu gosto de dados... Opiniões baseadas em dados são possíveis indicadores de boas decisões estratégicas. Mas opiniões sem dados são apenas opiniões;
- Obviamente em função disso, um profissional que sabe manipular dados e realizar análises, tem um valor inestimável dentro dos negócios.
E você? Tem baseado as decisões em sua empresa em dados?